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Universidade do Minho
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O padre Joaquim Afonso Gonçalves foi uma figura central e pioneira no âmbito do ensino aprendizagem do chinês por ocidentais e para ocidentais, de línguas maternas de famílias diferentes. Nascido em Tojais-Cerva, no distrito de Vila-Real, em 1781, estudou no Seminário de Rilhafoles, em Lisboa, e rumou a Macau em 1812, tendo como destino final Pequim e o Observatório Astronómico, onde contava ser útil enquanto reconhecido astrónomo e matemático. À data da sua chegada a Macau, em 1813, a China Imperial tinha, contudo, fechado as portas a estrangeiros, pelo que foi em Macau que viveu e trabalhou, enquanto padre vicentino, ou lazarista, da ordem de S. Vicente de Paulo, até à data do seu falecimento, em 1841. Durante quase três décadas, dedicou-se intensamente à investigação e lecionação do Chinês, entre outras disciplinas em que era igualmente exímio, no Real Colégio de S. José. Aí se formavam os padres portugueses, chineses e europeus, e aí foi Joaquim Gonçalves o mestre de vários futuros sinólogos provenientes da Europa, como J.M. Callery. Deixou-nos numerosas e volumosas obras bilingues — quer em português e chinês quer em latim e chinês, impressas e manuscritas, do âmbito didático e metalinguístico, num total de mais de cinco mil páginas. Dentre elas avulta o trio da gramática-manual e dicionários concebidos e impressos para uso dos seus alunos de Chinês-Português: a Arte China, ou arte da gramática chinesa (de 1829), o Dicionário Português-China (de 1831) e o Dicionário China-Português (de 1833), verdadeiras obras enciclopédicas que tornavam o seu método de ensino e aprendizagem reconhecidamente eficaz, rápido e inovador, e que logo chamaram a atenção dos sinólogos e docentes europeus de chinês seus contemporâneos, como é o caso de Jean-Pierre Abel-Rémusat, de Antoine-Pierre-Louis Bazin ou do vizinho de Hong-Kong Thomas Francis Wade.
Os numerosos diálogos bilingues que criou para o ensino do chinês (e do português), textos de grande vivacidade, dinamismo e realismo cinematográfico, de enorme valor didático mas também histórico, foram de imediato traduzidos para o francês e republicados em França por vários autores, como Hamelin ou Kleczkowsi, para o ensino aprendizagem do chinês, tendo igualmente sido objeto de publicação na própria China oitocentista.
Ao contrário dos sinólogos europeus da sua época, o maior sinólogo português encontra-se praticamente por estudar, não obstante ser muito amplo o seu contributo no âmbito da descrição do chinês, em contraste com o português e o latim; do ensino aprendizagem destas línguas e ainda do estudo histórico, religioso e sociocultural da China e de Macau oitocentistas, de que se revela profundo conhecedor, em cada exemplo que intencionalmente cria e introduz nas suas obras didáticas e metalinguísticas, de forma a melhor dar a conhecer a China e os Chineses aos seus estudantes de Chinês, e Portugal e os Portugueses/Europeus aos seus alunos de Português.
O Colégio de S. José, onde desenvolveu a sua intensa atividade enquanto padre, professor e investigador, foi um dos primeiros e mais importantes centros de ensino e aprendizagem do chinês por ocidentais e para ocidentais e chineses, tendo sido Macau a primeira ponte intercultural e interlinguística com caráter de permanência entre a Europa e a China. Os seus colégios, nos quais aprenderam e ensinaram grandes padres, missionários e sinólogos europeus, merecem igualmente investigação aturada, que os coloque no seu devido lugar na História da Sinologia Europeia, tal como todos os sinólogos portugueses cujos nomes e obras permanecem na sombra, por falta de recensão e edição dos seus manuscritos, de investigação e estudo. No Colégio de S. José se imprimiram numerosas obras sacras, didáticas e metalinguísticas, não só em chinês e português mas também noutras línguas da Ásia, como o tétum.
Algumas linhas de investigação sugeridas:
1. A metodologia de ensino aprendizagem do chinês por Joaquim Gonçalves
2. O ensino do latim a falantes de chinês por Joaquim Gonçalves
3. Fontes escritas utilizadas pelo padre vicentino nas suas obras
4. Eventuais interlocutores chineses de Gonçalves para a criação das suas obras, no que ao chinês diz respeito.
5. A repercussão do seu método de ensino e das suas obras no âmbito da sinologia europeia
6. O mandarim e o cantonês oitocentistas nas obras de Gonçalves
7. A fonética do chinês de inícios do século XIX conforme a apresenta a romanização da obra manuscrita atribuída a Gonçalves (ed. de Barros e Ng 2014; 2017) e a Arte China sem Letras Chinas (anterior a 1829).
8. Descrição do chinês ou do português oitocentistas a partir da obra de Gonçalves.
9. Aspetos do português de Macau e traços do português transmontano na obra de Gonçalves.
10. Estudo contrastivo do chinês e do português.
11. Aspetos históricos, socioculturais, literários e religiosos relativos à China oitocentista e, mais raramente, a Portugal e aos Europeus, na obra de Gonçalves.
12. Estudos interculturais e ensino aprendizagem das línguas como transportadoras de culturas.
13. A figura de Joaquim Afonso Gonçalves: subsídios para o conhecimento da sua biografia e bibliografia.
14. O papel dos colégios de Macau, e em particular do Colégio de S. José, para o ensino aprendizagem do chinês.
15. A introdução de matéria teológica, ética e de catequese cristã nas obras metalinguísticas através de frases similares dos clássicos chineses.
16. A importância do ensino e aprendizagem do chinês coloquial, e de um profundo conhecimento linguístico, lexical e cultural, no âmbito da propagação da fé e do desempenho dos futuros padres em Macau e na China.
DATA E LUGAR DE REALIZAÇÃO
29 e 30 de Outubro de 2021
Braga, Universidade do Minho, Campus de Gualtar — Realização mista, presencial e à distância.
LÍNGUAS DE TRABALHO (PARA APRESENTAÇÃO E PUBLICAÇÃO)
Português
Chinês
Inglês
Duração da apresentação: 20 minutos.
SUBMISSÃO DE RESUMOS
1. 1 página em MS Word com: Título da comunicação; Resumo; 2 ou 3 Palavras-chave. Em documento separado: Título da comunicação, Nome do autor, Institutição a que pertence, Endereço e e-mail de contacto. O resumo deverá incluir cerca de 300 carateres, em chinês, ou cerca de 500 palavras em português ou inglês, sem inclusão do nome do autor.
2. Cada participante poderá apresentar, no máximo, um resumo como autor e outro como co-autor.
3. As propostas deverão ser enviadas, em chinês, para liling@ilch.uminho.pt; em português ou inglês para aldb@ilch.uminho.pt.
4. A inscrição no simpósio poderá ser feita em http://cehum.ilch.uminho.pt/etac (Registration), onde se acharão os dados para pagamento da mesma.
DATAS-LIMITE
TAXA DE INSCRIÇÃO
Participação presencial: 70 Euros
Participação à distância: 50 Euros
Membros da EACT: 25 Euros
Cada participante contará com a documentação do simpósio, meios e suporte técnico, serviço de chá e café nos intervalos.
Comissão Organizadora do Simpósio:
Departamento de Estudos Asiáticos da Universidade do Minho (dea@ilch.uminho.pt)
Membros da Comissão organizadores do Forum Joaquim Afonso Gonçalves:
Anabela Barros (DEPL) e Ling Li (DEA)
Grupo de Estudos Luso-Asiáticos do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho - CEHUM (GELA@ilch.uminho.pt)
Para mais informações veja-se o website da Conferência, The 3rd International Simposium of the European Association of Chinese Teaching — The Past, Present and Future Development of Teaching Chinese as a Second Language From the European Perspective: http://cehum.ilch.uminho.pt/etac
CONTACTOS:
Em chinês, Ling Li, liling@ilch.uminho.pt (http://cehum.ilch.uminho.pt/researchers/152)
Em português, inglês, francês ou espanhol, Anabela Barros, aldb@ilch.uminho.pt (http://cehum.ilch.uminho.pt/researchers/86)
Para pagamentos, em português e inglês: Ana Maria Pereira, apereira@ilch.uminho.pt
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