SEMINÁRIO
RESUMO:
No amplo século XVI, ou início da idade moderna europeia, a escrita de vidas de artistas, letrados, poetas, frades, tornou-se uma prática frequente, cujo gênero discursivo não se identifica exatamente com a biografia, antes podendo ser definido como a escrita de vidas exemplares de autores que prestaram valioso serviço a diversas monarquias por meio de suas obras. Escrever vidas de ilustres, como explica Hansen (1989, p. 13-69), integra-se no “gênero do retrato biográfico”, encomiástico ou vituperador como “ficção”.
O termo biografia não se usa para descrever a escrita da vida de autores na Península Ibérica, no século XVII, quando foram impressas quatro relações da vida de Camões e um epítome, por quatro autores, a saber: Pedro de Maris (1613/16), Faria e Sousa (1639/1685), João Franco Barreto (1663), em paratextos – no conjunto de prólogos e posfácios desses impressos camonianos, e nos Discursos Vários Políticos (1624), de Manuel Severim de Faria, que também escreve a vida de dois cronistas da Índia, João de Barros e Diogo do Couto. Salvo as duas redações da Vida del Poeta, por Faria e Sousa, as vidas seiscentistas de Camões são redigidas em português, com o propósito de engrandecer a cultura da nação por meio do trabalho de ilustração e dignificação da língua portuguesa.
NOTA BIOGRÁFICA:
Marcia Arruda Franco, Professora Associada de Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo, pesquisadora de produtividade em pesquisa do CNPq, colaboradora do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, CIEC, membro do Conselho do Centro de Estudos Mirandinos (CEM), da Biblioteca Municipal Francisco de Sá de Miranda, Amares, Braga, que lhe concedeu a Medalha de mérito científico, grau ouro, em parceria com a Câmara Municipal de Amares, coordenadora da parceria acadêmica USP/AUCANI-UMINHO (2019-2022), publicou livros em Portugal sobre autores quinhentistas, subsidiados por órgãos oficiais de fomento, como o extinto IPLB e a FCT. Também é autora de diversos artigos e ensaios publicados em periódicos e coletâneas, no Brasil, em Portugal e Espanha. Em junho próximo virão a lume duas edições camonianas, uma delas sobre a matéria desta aula. Esta é uma produção do Grupo de Pesquisa ‘Reescrever o século XVI’ – CNPq/USP.